Continuando com a série Douglas Adams explica: magia.

O novo guia introduz o conceito de Engenharia Reversa, puxando um pouco a sardinha pro lado dele:

[…]

O pássaro- Guia não respondeu de imediato. Abriu as asas e, com uma graça sem esforço, ergueu-se no ar e voou para a chuva, que estava enfraquecendo novamente.

Planou em êxtase sobre o céu noturno; luzes piscaram à sua volta e dimensões trepidavam com sua passagem. Mergulhou, girou, subiu novamente, tornou a girar e, finalmente, aquietou—se bem próximo do rosto de Random, batendo as asas lenta e silenciosamente. Continuou a falar com ela.

—Seu universo é vasto para você. Vasto em tempo, vasto em espaço. Isso se deve aos filtros através dos quais você o percebe. Mas eu fui construído sem filtros, o que significa que percebo a Mistureba Generalizada que contém todos os universos possíveis mas que não tem, por si mesma, tamanho algum. Para mim tudo é possível. Sou onisciente e onipotente, extremamente vaidoso e, o melhor, venho em uma embalagem prática e portátil. Você precisa descobrir o quanto essas afirmações são verdadeiras.

Random abriu um sorriso suave.

—Seu monstrinho. Você está me enrolando!

—Como eu disse, tudo é possível.

Random soltou uma gargalhada.

—Está bem — disse ela. — Vamos tentar ir para a Terra. Vamos tentar ir para a Terra em algum ponto do seu, ah…

—Eixo de probabilidade?

—Isso. Onde ela não foi destruída. O.k. Então você é o Guia. Como conseguimos uma carona?

—Engenharia reversa.

—O quê?

—Engenharia reversa. Para mim, o fluxo do tempo é irrelevante. Você decide o que quer. Depois eu meramente garanto que já tenha acontecido.

—Você está brincando.

—Tudo é possível.

Random franziu a testa.

—Você está brincando, não está?

—Deixe-me explicar de outra maneira — disse o pássaro. — A engenharia reversa nos permite pular toda aquela burocracia de ter que esperar que uma das raríssimas naves espaciais que passam pelo seu setor galáctico cerca de uma vez por ano resolva se está ou não a fim de lhe dar uma carona. Você quer uma carona, uma nave aparece e lhe dá uma. O piloto pode até achar que tem alguns milhões de motivos para decidir parar e lhe dar uma carona. Mas o verdadeiro motivo é que eu determinei que ele parasse.

—Isso é uma amostra da sua extrema vaidade, não é, pequeno pássaro?

O pássaro ficou em silêncio.

—Está bem — disse Random. — Eu quero uma nave que me leve para a Terra.

—Serve essa aqui?

Foi tão silencioso que Random só notou que havia uma nave espacial aterrissando quando já estava praticamente sobre a sua cabeça.

fonte: Guia do Mochileiro das Galaxias – Livro 5 da trilogia – Praticamente Inofensiva

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1 Comentário

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  1. “Sou onisciente e onipotente, extremamente vaidoso e, o melhor, venho em uma embalagem prática e portátil.”

    ÉDemô-In pstô!

    Hahahahahahahahahaha… lembrei dos tempos de ateu!

    []´s