Invocação
Invocação

Tratemos mais a fundo sobre a belíssima magia octarina, que compreende principalmente a magia do caos – aquele sistema desenvolvido por Peter J. Caroll, Austin Osman Spare e alguns nomes atuais cujas propostas ousadas e inovadoras mostraram-se notáveis.
É difícil escolher um caminho, então por que não construir sua própria estrada, colorindo-a conforme seu digníssimo senso estético? Analisemos em primeiro lugar as dificuldades.
É difícil praticar a magia cinza na vida mundana, pois o ideal seria retirar-se para as florestas, morar numa cabana afastada, com os índios ou qualquer coisa parecida com isso. Digamos que seria um incentivo altamente desejável.
No caso da magia vermelha, o ambiente ideal de meditação seria um mosteiro ou eremitério. Isso também ocorre em relação à via branca que exige um ambiente isolado para purificação. A vida mundana costuma contaminar essas linhas, isso é fato. Afinal, como atingir o equilíbrio perfeito com a natureza (mundo animal, vegetal, mineral) a ponto de fundir-se a ela, abandonar todo tipo de desejos e prazeres ou tornar-se imensamente bom num ambiente tão hostil e tentador? Não estou dizendo que ter prazeres e ter uma vida normal seja “ruim” ou “mau”; é que simplesmente distrai; muito!
Portanto, existem duas linhas da magia que são ideais a vida moderna: magia negra e magia do caos. A magia negra lida com manipulação psicológica, numa espécie de alteração de personalidade auto induzida e trabalha com áreas perigosas e assombrosas. Ainda assim, esse mago vai enfrentar certos problemas de integração social, dificuldade de se relacionar com pessoas (caso não adapte constantemente sua personalidade forte para um convívio social razoável) e sem contar certas quebras de lei e regras morais, devido a sua postura bastante heterodoxa em relação ao bem e ao mal.
Sendo assim, resta ao magista as seguintes opções:
1 – Adaptar-se para seguir uma das três linhas de forma medíocre ou incompleta (verde, vermelha e branca) devido às limitações que a vida diária impõe. Se não fizer isso, resta morar num mosteiro, eremitério, floresta ou cabana no alto de uma montanha, com sua horta particular.
2 – Seguir uma magia negra bem moderada e leve, sem sacrifícios, sem destruições fortes, sem enlouquecimento psicológico. Se não fizer isso, você corre o risco de ser preso ou viver num inferno cercado de inimigos e ódio.
3 – Seguir a magia octarina!
A magia octarina é uma via interessante para o mundo moderno. Um ponto extremamente positivo em relação a essa magia é usar a crença como ferramenta – a famosa oração científica, invocação de personagens de jogos e derivados – pois muitos olham com ceticismo a existência da alma, de Deus ou até mesmo da própria magia! Mas aqui você pode partir do princípio de que nada disso existe, que talvez nem você exista. Ou você mesmo pode criar isso tudo; se tudo existe ou nada existe de verdade não importa! Magia é manipular o aspecto mental, o psicológico. Todas as linhas giram em torno disso. Na magia do caos não é diferente. Basta usar os elementos externos para atingir o estado que os caoístas chamam de gnose – alfa para os wiccanos, samadhi para os budistas, ora, nomes não importam aqui – e fazer as coisas acontecerem.
Duas populares ferramentas na chaos magick são os sigilos e servidores.
Ao trabalhar no sigilo você escolhe uma palavra ou frase para um fim específico. Exemplo: “Abrir o chakra Ajna”; tira as vogais e letras repetidas: “br chk jn” e monta um desenho, fundindo uma letra na outra. Está pronto o seu sigilo. Você poderá utilizar um servidor para fortalecê-lo.
O iniciante na magia octarina começa trabalhando com formas-pensamento que são entidades simples que sobrevivem até no máximo uma semana. Depois de acostumar-se a trabalhar com tais potências, você poderá escolher desenvolver um servidor, que significa uma forma-pensamento com maior poder e maior expectativa de vida.
Ao construir um servidor será como se você criasse um personagem. Você deverá saber tudo sobre ele, escolher pontos fracos e fortes, cor, forma, correspondências com metais, pedras, planetas, relação com outras potências, chakra de máxima força, etc. É recomendável desenhá-lo para melhor visualização; o desenho poderá ser obtido numa visualização ou meditação. Os traços do desenho deverão ser feitos através de projeção e fluído de energia. O seu lápis ou caneta será sua varinha mágica, que você manipulará.
Deverá escolher uma essência de poder para substituir a terra ou o óleo, de acordo com as especificidades do seu servidor. Irá fortalecê-lo regularmente e com o tempo ele poderá se tornar uma espécie de servo que realiza trabalhos para você, envia mensagens, etc.
Você é encorajado a desenvolver um servidor principal e alguns servidores secundários. Cada um servirá para uma tarefa específica, assim como os silfos, elementais do ar, lidam melhor com feitiços para sabedoria, as ondinas com área de emoções e desenvolvimento psíquico, etc. Você poderá até mesmo montar uma história com os seus personagens servidores para conhecê-los muito a fundo. As informações para a história e cenas deverão ser obtidas em visões num estado alterado de consciência. Um ritual poderá ser montado. Sugere-se criar um sigilo para fortalecimento das visões ou até mesmo um servidor próprio para trabalhar nisso, canalizando suas potencialidades.
Uma vez que um servidor esteja muito forte a ponto de ter criado uma identidade própria, tornando-se praticamente um ser vivo com incrível poder, ele é denominado uma egrégora. Uma egrégora pode até mesmo possuir uma alma, humor próprio, dar-lhe conselhos e até mesmo criar novos servidores! Parece fantástico, mas é bastante difícil construir e manter uma egrégora. Seria quase um protótipo de homúnculo alquímico. Para criar algo desse porte você deve trabalhar extremamente bem com energias. Foque-se na área de projeções, manipulação, banimento, etc.
Existe uma categoria de egrégora chamada de egrégora espelho, que é o reflexo de sua própria alma. Ou seja, você cria um ser com características suas. Pode até mesmo montar um boneco de cera ou preferencialmente de pano, no mundo físico, e fincá-lo com agulhas para fortalecer os chakras, destruir aspectos seus, etc. Esse tipo de “voodoo caótico” pode ser feito tanto para interferir no corpo e mente de outras pessoas quanto para influenciar a si mesmo na potência espelho.
Você pode criar um servidor espelho ou até mesmo essa egrégora espelho que seria incrívelmente poderosa podendo conter até mesmo um pedaço de sua alma, por assim dizer. Por isso é necessário protegê-lo bem, confiando ao ser o seu nome secreto ou mágico.
E, finalmente, o ápice do sistema de potências caóticas é a evolução da egrégora para Forma de Deus. Trataria-se de um ser com poderes impressionantes. Você pode até mesmo adorá-la se desejar – e no caso de ser você mesmo, seria incrivelmente interessante, no melhor estilo black magick.
A magia do caos pode ser um dos sistemas mais poderosos caso o magista possua uma grande criatividade, imaginação e um supremo poder de auto persuasão mental. Para isso é necessário que ele conheça a si mesmo muito bem! O magista antes de tudo deve fazer uma ficha de si mesmo, até mesmo antes de fazer a ficha do servidor, definindo coisas como cor favorita, música que mais gosta, jogo que lhe dá mais prazer, comida predileta, etc. Embora pareçam informações casuais elas são MUITO importantes no sistema de caos. Você pode usar um video-game para energizar seu servidor, pode usar uma música de fundo que te emocione, tudo isso focando a gnose; altere seu estado psicológico e crie, imagine e dê vida a tudo o que desejar; até mesmo a um universo inteiro.
Na magia do caos, o limite do poder do mago é somente sua imaginação. ?

Fonte:  Servidores, Egrégoras e Formas de Deuses

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